Dirigido por Edward Berger e baseado no respeitado romance de Robert Harris, “Conclave” acompanha o cardeal Thomas Lawrence (interpretado por Ralph Fiennes), que é encarregado de liderar o conclave para eleger o novo Papa após a morte repentina do pontífice. Durante esse processo secreto no Vaticano, Lawrence, para seu desespero, descobre segredos e conspirações que ameaçam abalar os alicerces da Igreja Católica.
O elenco conta com Stanley Tucci, John Lithgow, Sergio Castellitto e Isabella Rossellini. O filme recebeu muitas críticas positivas. Foi indicado a oito categorias no Oscar 2025, vencendo na categoria de Melhor Roteiro Adaptado. O filme é uma ficção, mas, segundo especialistas com quem conversei recentemente, retrata muito bem as tensões dentro do Colégio de Cardeais. Inclusive, parece que os cardeais que participam do Conclave após a morte de Francisco, o tomam como referência – a maioria nunca participou desse tipo de formalidade-cerimônia.
A adaptação de “Conclave” assume-se como um thriller político, mas minha percepção foi a de estar vendo uma discreta comédia dramática. Isso acontece, imagino, porque “Conclave” usa um expediente muito conhecido do fino humor: o exagero.
Durante o conclave, há uma penca de problemas, intrigas, picuinhas, espionagem, atentados terroristas, quebras de protocolo, situações absurdas, cardeais caricatos demais. É impossível não rir com o espanto de Thomas Lawrence ao final, quando achou que todas as surpresas da eleição tinham terminado, ou do momento em que ele vai entregar seu voto e uma explosão externa ocorre, como se fosse uma intervenção divina de ira.
Tudo serve para uma galhofa, mas uma galhofa que tem uma missão séria: mostrar o barco à deriva em que a Igreja Católica se encontra. Os cardeais só pensam em si, odeiam uns aos outros. Eles servem aos seus propósitos de poder, e não à Igreja. Manipulam, quebram os ritos, dividem-se em facções traiçoeiras. O filme deve ter despertado a ira do Vaticano.
Erros e acertos de “Conclave”
Destaque para a direção de arte, fotografia e para as atuações de Ralph Fiennes e Isabela Rosselini. A edição também está impecável. Mas, dito isso, “Conclave” é tímido em sua crítica, e menos impactante do que poderia ser. Os atores secundários não conseguem manter o nível de Fiennes, e isso enfraquece os momentos mais dramáticos, especialmente os das tramas informais na escada ou no auditório. O filme não é de modo algum difícil de assistir, mas pode frustrar se o espectador for vê-lo esperando uma trama religiosa là Costa-Gavras.
Para os interessados, “Conclave” está disponível para streaming no Amazon Prime Video desde 22 de abril de 2025.
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