O Festival de Cannes é, há mais de sete décadas, o grande termômetro do cinema mundial. Realizado todos os anos na Riviera Francesa, o evento consagra diretores e revela novos talentos, além de definir muito do que será exibido nas salas de arte e nos festivais pelo mundo nos meses seguintes. A
edição de 2025 teve um gosto especial para o Brasil: O Agente Secreto, novo filme de Kleber Mendonça Filho, conquistou dois dos principais prêmios da mostra — Melhor Diretor e Melhor Ator para Wagner Moura —, consolidando o país no centro da conversa cinematográfica internacional.
Em meio à consagração brasileira, a distribuidora Imovision, reconhecida por trazer ao país os principais títulos do circuito autoral, anunciou a aquisição de cinco filmes exibidos em Cannes que já têm estreia garantida nos cinemas brasileiros. Um deles é The Mysterious Gaze of the Flamingo, vencedor da mostra Un Certain Regard. Estreia do chileno Diego Céspedes, o longa mistura realismo mágico e crítica social ao retratar uma cidade mineradora do Chile dos anos 1980, assolada por rumores de uma doença que se transmite “pelo olhar”. Com narrativa queer e forte carga simbólica, o filme foi um dos mais comentados da mostra paralela.
Outro destaque adquirido pela Imovision é Mirror No.3, novo drama de Christian Petzold, exibido na Quinzena dos Realizadores. O diretor alemão volta a trabalhar com a atriz Paula Beer em uma história de luto e trauma, ambientada em um cenário rural transformado pelo acolhimento de uma jovem sobrevivente de um acidente. Petzold, conhecido por filmes como Undine e Afire, continua explorando as interseções entre passado, desejo e identidade.
Também chega ao Brasil Amrum, indicado à Palma de Ouro e dirigido por Fatih Akin. O longa se passa em uma ilha alemã nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial e acompanha o amadurecimento forçado de um menino de 12 anos diante da fome, da violência e da chegada da paz. Akin, aclamado por Em Pedaços e O Bar Luva Dourada, entrega aqui um drama lírico e sombrio sobre o fim da infância e o impacto da guerra.
A lista inclui ainda Eagles of the Republic, de Tarik Saleh. O filme é uma sátira afiada sobre a indústria cinematográfica egípcia e seus vínculos com o poder estatal. O astro George Fahmy é obrigado a estrelar um longa propagandista do governo e se envolve com a esposa de um general, num jogo de sedução, controle e manipulação.
Por fim, Colours of Time, de Cédric Klapisch, completa o pacote da Imovision. O diretor francês revisita temas como memória, família e arte ao contar a história de quatro primos que, reunidos na Normandia, descobrem os rastros de uma ancestral que viveu ali no fim do século XIX, em meio ao surgimento da fotografia e do Impressionismo.
Com essa seleção, o público brasileiro pode esperar, nos próximos meses, uma amostra representativa do que de melhor passou por Cannes em 2025. São filmes de estilos e temas diversos, mas todos com a marca da ousadia artística e do compromisso com narrativas potentes — e que, felizmente, estarão ao alcance das nossas telas.
