1 de maio de 2025
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‘História Social do Jazz’ ganha edição ampliada e revisada

Clássico do historiador britânico Eric Hobsbawm retorna às livrarias com capítulos inéditos, prefácio renovado, fotografias de época e projeto gráfico repaginado.
1 de maio de 2025
Livro está em pré-venda na Amazon. Foto: reprodução com Canva.

A obra História Social do Jazz ganha nova edição no Brasil, revisada e ampliada, oferecendo ao leitor uma nova oportunidade para melhor compreender os anos de ouro do jazz. O livro é um clássico de Eric Hobsbawm, historiador britânico de renome internacional. Nessa obra, o autor, falecido em 2012, combina paixão musical e rigor acadêmico para traçar as origens do gênero nas comunidades afro-americanas, as primeiras jam sessions em Nova Orleans e sua difusão pelos clubes de Chicago, Nova York e Paris. Desde Louis Armstrong até Ella Fitzgerald, o livro revela como processos raciais, econômicos e urbanos moldaram um movimento cultural que atravessou fronteiras e décadas.

“História social do jazz” foi publicado pela primeira vez em 1959 sob o pseudônimo de Francis Newton – uma tentativa do autor de separar o jornalista do historiador. Anos depois, o sucesso da obra fez com que Hobsbawm assumisse a autoria, e isso ajudou os leitores a entender o motivo da incrível erudição e rigor metodológico da obra, que rapidamente se tornou um dos mais completos e importantes estudos sobre música popular. Ao longo de duas revisões, em 1989 e 1993, Hobsbawm expandiu sua pesquisa para incluir novos estudos. Esse material está presente também nesta nova edição da editora Paz e Terra. Clique aqui apra conferir.

O jazz não nasceu pronto — foi sendo tecido ao longo de décadas, entrelaçando vozes, ritmos e experiências. Neste trajeto, o livro permite ao leitor mergulhar nas profundezas do folk e do blues, ouve o compasso acelerado do ragtime, sente o pulsar vibrante das ruas de Nova Orleans e reconhece os ecos das influências vindas do Norte. Percebe, também, como o país se dividia entre estilos do Leste e do Oeste, e como instrumentos como o saxofone se tornaram peças-chave dessa linguagem sonora.

Mais do que acompanhar a evolução de um gênero, “História social do jazz” convida a entender o jazz como aquilo que ele verdadeiramente é: uma das manifestações artísticas mais potentes do século XX, nascida do gênio e da resistência da comunidade afro-americana — e destinada a atravessar o mundo.

“Eric Hobsbawm não é o primeiro estudioso do jazz a ir além dos clichês, mas é certamente o primeiro a fazer isso tão minuciosamente, não fosse ele um historiador acostumado a desconfiar das versões muito repetidas. Ele dá a justa atenção ao jazz como criação revolucionária de uma raça submetida a certas circunstâncias históricas, e à importância dessas circunstâncias na sua expansão, e nas suas tragédias, mas dá mais atenção ao contexto maior, à industrialização e às transformações nos padrões de consumo de brancos e pretos, à relação do jazz com a indústria de discos e de espetáculos, com seus popularizadores e cultores”, diz o escritor brasileiro Luis Fernando Verissimo, no prefácio da obra.

Eric Hobsbawm

Eric John Ernest Hobsbawm (1917–2012) foi um historiador marxista britânico, professor da Universidade de Cambridge e autor de clássicos como The Age of Revolution, The Age of Capital e The Age of Empire. Desde jovem, cultivou o amor pelo jazz, escrevendo artigos sob o pseudônimo de Francis Newton para separar seu trabalho jornalístico da pesquisa histórica. Essa estratégia permitiu-lhe manter o rigor analítico ao mesmo tempo, em que dedicava atenção à crônica cultural do jazz.

Ao revisitar sua própria obra, Hobsbawm demonstra como o estudo de um gênero musical pode revelar dinâmicas de classe, raça e globalização. Seu texto transita com naturalidade entre análises de letras, perfis de músicos e discussões sobre redes de comércio de discos, mostrando que o jazz nunca esteve isolado de debates sobre direitos civis, diplomacia cultural e economia criativa.

“Talvez os comentários mais saborosos de Hobsbawm sejam aqueles sobre os negócios e a ética do trabalho, pois é quando seu olhar de historiador desnuda a cena do jazz até sua espinha dorsal mercantil, conforme a música sai do interior, vai para a cidade e se profissionaliza”, sublinha a publicação americana Kirkus Reviews.

Ana Paula Tavares

Jornalista formada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Mestre em História Política e Bens Culturais pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Trabalhou na Globosat e na Fundação Roberto Marinho. Atualmente, é redatora-chefe do Bonecas Russas e subeditora do Portal Café História. Adora Jane Austen, The Office e mora em Brasília.

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