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A caneta Bic e a catástrofe: livro reconstrói os dias sombrios do bolsonarismo

“Que não se repita – A quase morte da democracia brasileira” é mais do que um livro: é um alerta. A obra traça um panorama do governo Jair Bolsonaro, relembrando episódios que vão do negacionismo na pandemia à tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023. Em estilo incisivo, o texto narra os fatos e examina a fragilidade da democracia brasileira.

“Foi então que a coisa descarrilou. Quando a procissão auriverde chegou ao Congresso Nacional, veio o transe. A turba invadiu a sede do Legislativo e começou a quebrar tudo lá dentro. O Supremo Tribunal Federal também foi invadido, assim como o Palácio do Planalto. Cada uma das sedes dos três poderes virou alvo de uma depredação que jamais fora vista na História do Brasil. Os agressores vandalizaram obras de arte, trituraram relíquias, espatifaram vidraças e espalharam imundície.”, escreve Eugenio Bucci.

O livro de Eugênio Bucci reconstrói o cotidiano delirante de um país sob tensão institucional permanente. Das agressões à cultura, passando pelos ataques sistemáticos à imprensa, ao desmonte de políticas públicas e à tentativa de sabotar o sistema eleitoral.

Ao rememorar esses anos, o livro também se posiciona como parte de um esforço coletivo de reconstrução da memória política recente do país – esforço necessário em tempos em que os ataques à verdade e à história seguem em curso.

“No meio daquilo tudo, existia o lugar estranho que tinha sido reservado para um objeto de uso diário por milhões de brasileiras e brasileiros: a caneta Bic. Com seu corpo em plástico transparente sextavado, com sua tampinha azul, a esferográfica genérica tinha virado acompanhante fiel do presidente. Que destino dilacerante o que foi sobrar para ela. Que injustiça clamorosa”, diz Bucci.

Eugênio Bucci é professor titular da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP) e Superintendente de Comunicação Social da mesma Universidade. Foi Secretário Editorial da Editora Abril e, durante o primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da Radiobrás. É membro da Academia Paulista de Letras.  

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